Olá meus queridos leitores. Hoje esse post é para contar a história da família de Mayumi e Yoko Arashi, e para te explicar uma parte da cultura japonesa que quase ninguém sabe que existe: fazer as pessoas evaporarem. Desde os anos 1990 cerca de cem mil pessoas desaparecem no Japão anualmente, a maioria delas por vontade própria. Essas pessoas geralmente vão para a cidade de Sanya. O curioso é que se você procurar em qualquer mapa ou tentar encontrar qualquer registro dessa cidade, não vai achar nada. Porque ela não existe.
Mayumi Arashi era uma dona de casa japonesa de 27 anos, casada e mãe de uma menininha, que desapareceu em 1994. O desaparecimento dela é muito estranho e só foi ganhar notoriedade em 2011, quando sua família deu uma entrevista para a TV falando a respeito do caso.
Mayumi e seu marido haviam ido morar temporariamente na casa dos pais dela após ela dar a luz à filha deles. A família inclusive se sentiu muito feliz em poder ajudar a mãe de primeira viagem a cuidar da bebê. Estavam morando na casa: Mayumi, seu marido, sua bebê, seu pai, sua mãe e sua irmã mais velha chamada Yoko. A vida dela parecia ser bastante comum. O irônico é que a família morava no bairro de Sumida em Tóquio.
A gente não sabe tanto sobre a vida da Mayumi e sobre a família dela. Algumas fontes dizem que o marido dela trabalhava o dia todo e ela ficava em casa com a mãe e a bebê. Também não é possível saber exatamente quantos meses ou anos a filha tinha. Em alguns lugares afirmam que ela já tinha 1 ano, e em outros que era recém nascida. Mas em algumas regiões do Japão eles usam a data da concepção como data de aniversário, a criança já nasce com 9 meses e 3 meses depois eles comemoram 1 ano de vida dela.
Vocês já me conhecem o suficiente a essa altura e sabem que eu gosto de descobrir o máximo possível sobre as pessoas sobre quem eu escrevo. Então é claro que eu tentei descobrir o máximo de informações sobre Mayumi, seu marido e a família Arashi em geral. Até tentei procurar no google em japonês, mas não fui bem sucedida. Então esse é o máximo de informação que a gente tem sobre eles, infelizmente.
No dia 2 de setembro de 1994, por volta das 19 horas, Mayumi disse para sua irmã que iria sair para encontrar com uma amiga da época de escola. Yoko afirmou que sua irmã parecia agitada e preocupada antes de sair, mas elas não conversaram e ela não perguntou se tinha alguma coisa acontecendo ou alguma coisa errada com Mayumi. Yoko achou que ela podia estar cansada e também um pouco nervosa de encontrar uma amiga que ela não via há muito tempo, e deixou pra lá.
No dia seguinte, 3 de setembro de 1994, Mayumi ainda não havia voltado para casa. Yoko resolveu ligar para a amiga que Mayumi supostamente ia encontrar para saber se estava tudo bem, se ela sabia onde a irmã dela estava ou conseguir qualquer informação sobre o paradeiro da irmã. Mas, para surpresa de Yoko, a amiga disse que não tinha encontrado Mayumi na noite anterior, que as duas não se falavam há algum tempo e não tinham feito planos juntas.
Yoko então decidiu entrar no quarto da irmã e procurar nas coisas dela se havia alguma indicação de onde Mayumi poderia ter ido ou quem ela ia encontrar. No armário de Mayumi, Yoko encontrou um bilhete que dizia: “Eu estava tendo um caso com “A”, mas fui traída. Por favor me perdoem.” E abaixo do bilhete havia um número de telefone.
É lógico que Yoko ligou para aquele número para tentar descobrir de quem era. Ela presumia que o número era de “A”, a única pessoa mencionada no bilhete de Mayumi. E de fato quem atendeu foi esse homem, que nós conhecemos apenas como “A” e ele afirmou que esteve com Mayumi na noite anterior sim, e ainda acrescentou que se encontrassem o corpo dela, ele esperava que a pena para quem a matou fosse uma pena leve, somente alguns anos de prisão.
Yoko achou essa conversa muito suspeita, eu acho que todo mundo também acharia. Como assim você liga para alguém para saber da sua irmã e a pessoa já sai falando de corpo, morte e que espera que o assassino receba uma pena bem leve? Acho que pior do que isso só se ele confessasse que matou Mayumi.
Yoko resolveu contratar um investigador particular para seguir o tal de “A”. Ela usou os serviços do investigador por aproximadamente 6 meses. Nesse tempo em que o detetive particular trabalhou para Yoko, ele só relatou uma ação suspeita por parte de “A”. Em 9 de março de 1995 o investigador viu “A” entrando numa floresta no meio da noite levando duas garrafas de suco. O detetive tentou seguir “A” mas o perdeu de vista. O que é perfeitamente normal, deve ser muito difícil seguir alguém a noite em uma floresta densa. Segundo Yoko, a polícia chegou a ir ao local para investigar e realizou algumas buscas, mas não encontrou nada. Ela parou de pagar o detetive e nunca mais teve notícias da irmã ou de “A”.
É importante frisar que tudo que foi dito, encontrado e investigado foi contado por Yoko. Todas as informações que nós temos partem da Yoko, em uma entrevista que foi dada por ela e pelo pai para um programa de TV japonês em 2011.
O desaparecimento de Mayumi só foi ganhar notoriedade após essas entrevistas irem ao ar. O programa de TV Super J Chanel entrou em contato com a família em 2011 (17 anos após o desaparecimento) querendo entrevistá-los e contar a história de Mayumi em um quadro do programa chamado “Onde está a verdade”. Os produtores do quadro convenceram a família a participar, já que seria interessante chamar atenção para o caso porque poderia surgir alguma nova pista ou alguém poderia ligar para o programa e relatar um avistamento de Mayumi.
O programa foi ao ar em 15 de outubro de 2011 e algumas coisas de fato chamaram bastante a atenção do público. Em certo momento, enquanto Yoko dava sua entrevista, uma mulher idosa (provavelmente a mãe de Mayumi e Yoko) passou por trás dela e pareceu estar mexendo em alguns livros ou fazendo alguma coisa na prateleira atrás de Yoko. Em seguida, foi transmitida a entrevista do pai delas. E foi aí que as pessoas que assistiam ao programa conseguiram descobrir o que a mulher idosa fez. Ela colou um papel na prateleira em que é possível ler: Não confiem no que a Yoko diz. Os entrevistadores, o pai e a própria Yoko pareceram não notar que o papel estava ali ou não quiseram falar sobre isso.
Depois que o programa foi ao ar as pessoas na internet começaram a comentar sobre aquele papel e sobre a doideira que se passou ali durante a entrevista. Essa foi a única repercussão do programa, porque ninguém nunca ligou para dar pistas sobre Mayumi e nada de novo foi descoberto sobre o desaparecimento.
A primeira teoria que existe na internet sobre esse caso meio esquisito é que toda essa história foi completamente inventada. Como se fosse uma pegadinha armada pelo programa de TV, uma história criada por eles para gerar mistério, especulação e audiência. E essa teoria se baseia no fato de que nada além do que eu já te contei pode ser encontrado na internet. Não há mais nenhuma informação, nada sobre a vida pessoal de Mayumi, nada sobre o marido, o primeiro nome dos pais, absolutamente nada.
A entrevista que foi ao ar no Super J Channel não pode ser encontrada na internet. Só existem 2 screenshots dessa entrevista: um screenshot do pai com o bilhete atrás dele e um screeshot da Yoko. Não há outras fotos e não há o vídeo da entrevista. Então toda essa informação sobre o bilhete, sobre “A” e investigador particular vem das pessoas que afirmam ter assistido o programa ao vivo, enquanto ele era transmitido. Algumas pessoas acham que os screenshots podem ter sido feitos com photoshop e que essa história inventada foi perpetuada na internet por pessoas que se depararam com o caso e acreditaram que fosse verdade.
O que contradiz essa teoria é que o Super J Channel é um programa jornalístico tradicional no Japão que está no ar na TV Ahasi desde 1997. E eles tem um site, onde eu consegui navegar graças ao google tradutor, onde há uma sessão de arquivos. Nesses arquivos é possível encontrar informações sobre cada episódio que já foi ao ar no programa. E nas informações sobre o episódio que foi ao ar em 15 de outubro de 2011 tem a descrição de todo o episódio: a descrição da entrevista com a Yoko e com o pai, e um resumo de tudo que a Yoko contou na entrevista.
Esse canal de TV e esse programa são legítimos, eles nunca fizeram nenhum tipo de pegadinha. É como se o jornal nacional resolvesse fazer entrevistas falsas para encontrar uma pessoa desaparecida que nem existe. Não que isso seja incomum na TV brasileira, porque eu me lembro bem de quando o Gugu entrevistou dois homens que fingiram ser integrantes do PCC no Domingo Legal há muitos anos atrás. Mas é claro que o Gugu tinha um programa de entretenimento. Um telejornal não faria a mesma coisa, principalmente no Japão.
Nós temos a confirmação de que esse episódio existiu, que ele foi ao ar e que o caso é real, ou que pelo menos que os jornalistas do canal tinham certeza que o caso é real a ponto de fazer um segmento sobre ele.
As pessoas também acreditam nessa teoria da pegadinha porque existe uma dupla de comédia japonesa formada por duas mulheres que se parecem muito com Yoko e Mayumi. Então quem acredita nessa teoria acha que pode ter sido uma entrevista verdadeira, mas com atores fingindo que o caso era real. Que a pegadinha seria com o próprio programa de TV.
Mas eu tenho uma outra prova que o desaparecimento de Mayumi realmente aconteceu, que é uma foto dela no site oficial de pessoas desaparecidas do Japão. Ela esteve listada no site como uma pessoa desaparecida por muitos anos, de 1994 a 2015.
É lógico que também tem algo bizarro em relação à isso, porque tudo nesse caso tem controvérsias. Depois de 2015 quando você entrava no site e procurava o perfil da Mayumi, a única coisa que você encontrava era uma mensagem de “Obrigado pela sua cooperação”. E esse tipo de mensagem só aparece depois que o caso foi resolvido e que a pessoa em questão foi encontrada, viva ou morta. E até onde se sabe, Mayumi nunca foi encontrada.
Passou pela minha cabeça que o perfil dela podia ter sido removido da lista porque já tinham se passado 20 anos e o caso já havia prescrito. Então mesmo que eles encontrassem um corpo ou descobrissem que ela foi assassinada, nada poderia ser feito. Mas ainda existem no site perfis de pessoas que desapareceram muitos anos antes de Mayumi. Esses perfis não saíram do ar.
Pode ser que o caso tenha sido resolvido e a família não quis divulgar, não quis que ninguém soubesse. Ou talvez a polícia tenha encontrado Mayumi e ela afirmou que fugiu por conta própria e não queria ser encontrada. É direito dela. Então a polícia resolveu o caso, mas não pode revelar nada porque a própria Mayumi pediu.
E é a partir dessa teoria que eu entro no outro assunto desse post, que são as pessoas que evaporam no Japão.
Entre as muitas coisas que as pessoas consideram estranhas no Japão – como os cat cafés, avisos de despejo de cemitérios e a infame Floresta do Suicídio, onde cerca de 100 pessoas por ano vão para se matar – talvez nenhuma delas seja tão pouco conhecida e curiosa como “fazer as pessoas evaporarem.”
Desde meados da década de 1990, estima-se que pelo menos cem mil homens e mulheres japoneses desaparecem anualmente. Eles são os arquitetos de seus próprios desaparecimentos, se banindo da sociedade e se punindo por grandes e pequenas indignidades, como divórcio, dívidas, perda de emprego, reprovação em um exame. Coisas que causem desonra às famílias no geral.
A jornalista francesa Léna Mauger soube disso em 2008 e passou os cinco anos seguintes pesquisando e se inserindo nessa cultura para contar as histórias de algumas dessas pessoas que resolveram evaporar.
Isso é um tabu na sociedade japonesa, é algo sobre o qual realmente não se pode falar, mas que todo mundo sabe que acontece. As pessoas podem desaparecer porque há outra sociedade por baixo da sociedade japonesa. Quando as pessoas resolvem desaparecer, eles sabem que podem encontrar uma maneira de sobreviver. Essas pessoas vivem em cidades perdidas criadas por elas mesmas.
A cidade de Sanya, por exemplo, não está localizada em nenhum mapa. Tecnicamente, ela não existe. É uma favela dentro da cidade de Tóquio, cujo nome foi apagado dos mapas pelas autoridades. Os empregos que as pessoas conseguem encontrar por lá são oferecidos pela yakuza ou por empregadores em busca de mão de obra barata e não oficial.
Os evaporados vivem em quartos de hotel minúsculos, cinza, sem nenhum conforto, muitas vezes sem internet ou banheiros privados. E é proibido conversar após as 18 horas na maioria desses hotéis.
Em sua reportagem, Léna conheceu um homem chamado Norihiro. Agora com 50 anos, ele próprio desapareceu há 10 anos atrás. Ele estava traindo a esposa, mas sua verdadeira desgraça foi perder o emprego como engenheiro. Envergonhado demais para contar para sua família, ele inicialmente manteve as aparências: ele se levantava cedo todos os dias da semana, vestia seu terno e gravata, pegava sua pasta e se despedia de sua esposa com um beijo. Em seguida, ele dirigia até o prédio onde era seu antigo trabalho e passava o dia inteiro sentado dentro do carro.
Norihiro fez isso por uma semana. O medo de que sua verdadeira situação fosse descoberta era tão insuportável e ele se sentia tão culpado, que no fim daquela semana, quando seria o dia de receber seu pagamento, ele se arrumou, se despediu da esposa e dessa vez ele pegou um trem em direção à Sanya. Ele não deixou nenhum bilhete, não disse nada para ninguém, e sua família provavelmente ficou imaginando que ele foi cometeu suicídio e seu corpo nunca foi encontrado.
Hoje, ele mora com um nome falso, em um quarto sem janelas que ele tranca com um cadeado. Ele bebe e fuma muito e resolveu passar o resto de seus dias praticando essa forma masoquista de penitência. Ele até poderia retomar a antiga identidade, mas ele não quer que sua família o veja naquele estado.
Então, quando você anda pelas ruas de Tóquio e de outras cidades do Japão, você vê pessoas na rua que já deixaram de existir. Quando essas pessoas fogem da sociedade e acabam tendo o tipo de vida que Norihiro tem, é como se eles fossem se matando lentamente.
Essas “evaporações” começaram no Japão após a Segunda Guerra Mundial, quando a vergonha nacional estava no auge, e após grandes crises financeiras pelas quais o país passou, em 1989 e 2008. Atualmente além da yakuza, que ajuda as pessoas a desaparecerem em troca da realização de algum “servicinho” para eles, existem empresas especializadas em fazer as pessoas sumirem e até companhias de mudanças noturnas que te ajudam a sumir levando seus móveis e seus pertences, se você quiser.
Qualquer que seja a vergonha ou desonra que motive um cidadão japonês a desaparecer, não é menos doloroso do que o efeito que isso causa nas famílias – que, por sua vez, ficam tão envergonhadas por terem um parente desaparecido que geralmente não denunciam à polícia.
Essas famílias recorrem a um grupo privado chamado “Apoio às Famílias de Pessoas Desaparecidas”, que mantém todos os clientes e detalhes privados. A organização conta com detetives – geralmente com evaporações ou suicídios em suas próprias histórias familiares – que cuidam desses casos gratuitamente. A média é de 300 casos por ano e é um trabalho muito difícil, já que o banco de dados nacional de pessoas desaparecidas é defasado porque a maioria das famílias não reporta os desaparecimentos para a polícia, e não há documentos que possam ser usados para rastrear uma pessoa assim que ela começa a viajar dentro do país. Além disso, é contra a lei que a polícia acesse transações em caixas eletrônicos ou registros financeiros de um indivíduo.
Em muitos aspectos, o Japão é uma cultura de perda. De acordo com um relatório de 2014 da Organização Mundial da Saúde, a taxa de suicídio no Japão é 60% maior do que a média global. Ocorrem entre 60 e 90 suicídios por dia no país. É um conceito secular, que remonta aos Samurai, e um conceito que também é recente, quando a gente lembra dos pilotos kamikaze japoneses da Segunda Guerra Mundial.
A cultura japonesa também enfatiza a uniformidade, a importância do grupo sobre o indivíduo. Um ditado muito comum no país diz que “Você deve acertar o prego que se destaca”. E para aqueles que não podem se encaixar na sociedade, aderir às suas rígidas normas culturais e devoção quase religiosa ao trabalho, desaparecer é encontrar uma espécie de liberdade.
Mayumi pode ter se sentido envergonhada por ter traído seu marido e por ter manchado a honra e a reputação de sua família, e ter resolvido evaporar. O papel que a mãe colocou na prateleira na entrevista pode indicar que eles não queriam que Yoko falasse sobre o caso amoroso que a irmã teve, que desonraria a família em rede nacional. Mas ela falou e então eles puseram o papel lá para tentar desacreditar Yoko. Então talvez as pessoas tenham feito daquele aviso no papel algo muito maior do que ele realmente queria dizer.
As pessoas também se perguntam porque Mayumi resolveria desaparecer e abandonar sua filha. Mas ninguém garante que ela desejou ter sido mãe. Ela pode ter casado por obrigação e ter tido um bebê porque é isso que se espera das mulheres na sociedade tradicional japonesa. Então pode não ter sido tão difícil para ela abandonar a criança. Ela também pode ter sofrido de depressão pós parto. Ou pode realmente ter sido muito difícil para ela se separar da filha, mas ela resolveu ir embora porque a desonra cairia sobre sua filha também.
Sobre a parte do bilhete em que Mayumi menciona ter sido traída, isso pode significar que ela estava sendo vítima de chantagem. O amante podia estar ameaçando contar a verdade para o marido e para a família, dando a ela mais uma razão para evaporar.
Uma das outras teorias que existem sobre esse caso é que ela poderia ter fugido com o amante. Na descrição do episódio no site do programa de TV a gente percebe que eles brevemente entrevistaram uma amiga de Mayumi, que confirma sim que ela tinha um caso e que “A” é uma pessoa real. A única evidência dessa teoria da fuga com o amante é a noite em que o detetive seguiu “A” e o viu entrar na floresta com duas garrafas de suco. Uma delas poderia ser para Mayumi. Mas isso é puramente especulativo.
Também tem gente que acha que “A” sequestrou Mayumi e a estava mantendo refém na floresta. Ao que tudo indica, baseado na história de Yoko, “A” foi a última pessoa a ter visto Mayumi viva. Ele pode tê-la matado, pode tê-la levado para máfia e ajudado Mayumi a evaporar, pode tê-la sequestrado, as possibilidades são inúmeras. Mas é óbvio que não há nenhuma evidência de que algo assim tenha acontecido, tirando a frase estranha que ele disse para Yoko no telefone sobre desejar que a pessoa que matou Mayumi (caso ela fosse encontrada morta) só tivesse a prisão como pena.
Tem muita gente que acredita que o papel que a mãe colou na prateleira indicava que Yoko não devia ser acreditada de maneira nenhuma, porque ela própria pode estar envolvida no desaparecimento da irmã. Ela podia sentir inveja da irmã mais nova, mais bonita, casada e com uma filha. Inclusive essas pessoas acreditam que a mãe botou o bilhete lá escondido, sem a Yoko notar, porque os pais tinham medo dela. Eles podem saber o que aconteceu de verdade, saber que Yoko fez algo com a irmã e ter medo de que ela possa fazer algo com eles também. Isso significaria que toda a história que ela contou foi inventada.
E de fato ninguém pode corroborar que existia um bilhete de Mayumi, que ela contratou um detetive, que ela ligou para “A”, etc.
E agora eu vou te contar um último detalhe desse caso, que deixou tudo mais bizarro ainda. Segundo algumas fontes que eu encontrei, a própria Yoko também desapareceu no ano de 2013. Mas, ao contrário da irmã, não há nada oficial a respeito do desaparecimento dela. Ela não está na página oficial das pessoas desaparecidas no Japão, como a Mayumi esteve por vários anos.
Será que os pais das duas eram serial killers? Será que “A” foi atrás da Yoko porque ela estava falando demais e divulgou a existência dele? Será que a Yoko resolveu evaporar? Eu não encontrei mais nada a respeito dessa história. Para todos os efeitos a Mayumi ainda está desaparecida e agora a Yoko também está.
O que nós sabemos é que existe um bom sistema e bem organizado de fazer as pessoas desaparecerem. E outra coisa é certa, aquele papel a respeito de Yoko sugere tensões profundas dentro da família.
Tentei entrar em contato com a TV Asahi e com o detetive que é mencionado no site do programa que descreve o episódio. Mas não tive retorno. O que não me surpreende, porque eu não sei nem se eles falam inglês. Eu também tentei em japonês, mas não faço a menor ideia se o que eu escrevi utilizando o google tradutor estava correto. Na verdade eu não sei nem mesmo se fazia sentido.
Me conta aqui nos comentários e nas nossas redes sociais (@detetivedosofa) o que você achou desse caso. E o que você acha que aconteceu com as irmãs. Estou curiosa para saber a sua opinião.
Referências:
Reddit
Active Missing People
KZ-Item
MPS.or.jp
Bug in a Rug Podcast
TV Asahi