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O mistério de Sarah Joe: desaparecimento no Pacífico

Essa é a história de cinco homens que foram pescar em um belo dia de sol no Havaí, mas nunca voltaram. Dez anos depois, um dos homens reapareceu em um atol remoto no Oceano Pacífico, apenas para acrescentar mais uma reviravolta ao caso. Esse é o mistério do barco Sarah Joe.

 

A história marítima está repleta de lendas a respeito de acontecimentos misteriosos e inexplicáveis. A maioria dessas “histórias de pescador” são precisamente isso: lendas. Os marinheiros partem de um porto e retornam para o mesmo lugar ou atracam em um porto diferente com histórias mirabolantes sobre o que eles encontraram no mar e as criaturas enormes que deixaram escapar. A serpente marinha avistada pelo HMS Daedalus, o vôo 19, Mary Celeste, Amelia Earhart e o Titanic são apenas alguns dos mistérios marítimos mais populares dos últimos dois séculos. Outra história incrível envolve uma baleeira de Boston chamada Sarah Joe e sua equipe.

Condições meteorológicas inesperadas

O mistério de Sarah Joe teve início em 11 de fevereiro de 1979, quando cinco amigos embarcaram. O Sarah Joe tinha 17 pés de comprimento e um motor de 85 cavalos de potência. Ele não estava equipado para uma longa viagem marítima, só para um dia de pesca entre amigos. Quando a tripulação partiu da cidade de Hana, na ilha havaiana de Maui, as condições climáticas não poderiam ser melhores. Quase não havia vento, e a superfície da água estava calma e clara como um cristal. Apenas duas horas após a partida, perto do meio dia, o clima local piorou muito.
Os cinco amigos partindo no barco
Fonte: Unsolved.com
Nenhum dos cinco amigos havia verificado as condições de navegação ou os boletins meteorológicos, acreditando que bastava ficarem de olho no horizonte. Pode parecer estranho, mas isso é comum entre marinheiros que esperam passar apenas algumas horas em alto mar. No entanto, se algum deles examinasse as previsões, teria conhecimento de um grande sistema de baixa pressão se aproximando das ilhas.

 

Se a tempestade que atingiu a cidade serve de indicação, então as condições no mar devem ter sido horrendas e totalmente inadequadas para o mais experiente dos marinheiros. Os ventos fortes e as chuvas torrenciais devem ter jogado o barco de um lado para outro como se fosse uma boneca de pano. As ondas chegaram a 20 metros de altura. Vários barcos de pesca maiores conseguiram voltar ao porto, mas o Sarah Joe não. Embora a esperança fosse mínima, nenhum dos locais e parentes da tripulação desaparecida estavam dispostos a sentar e não fazer nada. Eles iniciaram uma busca pelo litoral, embora a visibilidade fosse a pior possível. Infelizmente, as condições eram difíceis demais para procurar mais longe até que a tempestade diminuísse.

Desaparecimento no mar

No dia seguinte ao desaparecimento, a Guarda Costeira recomeçou sua missão. Além da Guarda havia uma grande frota de navios, barcos e até aeronaves procurando pelo Sarah Joe. Durante cinco dias, a busca cobriu mais de 110 mil km quadrados de oceano, mas eles não encontraram vestígios dos cinco homens ou do barco. O verdadeiro problema que os investigadores enfrentaram era que ninguém sabia em que direção o grupo havia seguido ou onde eles pretendiam pescar. As fortes correntes do canal Alenuihaha também não ajudaram. Eles até trouxeram aves treinadas especialmente para localizar pessoas encalhadas no mar. Quase uma semana depois, os especialistas concluíram que o Sarah Joe naufragou e afundou com todos os homens a bordo.

 

A família e os amigos dos homens desaparecidos não foram tão rápidos em abandonar suas esperanças. Eles juntaram dinheiro e recursos e conseguiram manter uma busca por mais três semanas. Seu foco principal estava em algumas das ilhas mais remotas, na esperança que, de alguma forma, o barco tivesse chegado à uma delas. Nenhum vestígio dos homens ou do barco foi encontrado. Um memorial foi realizado para a tripulação, que se tornaria um evento anual. Essa era a tripulação do Sarah Joe e suas idades:


Ralph Malaiakini, 27
Peter Hanchett, 31
Scott Moorman, 27
Benjamin Kalama, 38
Patrick Woessner, 26

Os cinco amigos
Fonte: Historic Mysteries

Uma década depois

Com a busca sendo cancelada, esse poderia ter sido o fim da história. Com o tempo, o público foi se esquecendo a respeito do mistério de Sarah Joe. Foi apenas mais uma tragédia em uma longa lista de desaparecimentos no mar. Dez anos depois do naufrágio, vários membros originais dos grupos de busca estavam em uma missão rotineira de vida selvagem nas ilhas desabitadas do Pacífico Ocidental para o Serviço Nacional de Pesca Marinha. As Ilhas Marshall e o remoto atol de Taongi, onde eles estavam em missão, ficam a aproximadamente 3.500 quilômetros a sudoeste do Havaí.

 

Em 10 de setembro de 1988, o biólogo John Naughton se encontrou no meio desse mistério pela segunda vez. Enquanto trabalhava no atol de Taongi, ele encontrou um barco de fibra de vidro abandonado no litoral. Ele só conseguiu determinar parte do número de registro do barco, mas foi o suficiente para verificar se vinha de algum lugar nas ilhas havaianas. Uma investigação mais aprofundada realizada na época estabeleceu que Naughton havia resolvido o mistério do que aconteceu com Sarah Joe.
O Sarah Joe
Fonte: Historic Mysteries

Enterro de um marinheiro

A descoberta do barco desaparecido levantou muitas outras questões. Não havia nada dentro ou ao redor do barco. Eles procuraram sinais de vida, anotações ou qualquer tipo de equipamento que pudesse fornecer pistas. No entanto, nada foi encontrado. Naughton e sua equipe discutiram o que fazer a seguir e decidiram procurar nas áreas ao redor. Quase imediatamente, a equipe fez outra descoberta a cerca de cem metros do barco. Uma cruz improvisada, feita de madeira que restou do naufrágio, estava saindo do topo de uma cova rasa. Além disso, um osso mandibular humano se projetava para fora do monte de pedras de coral e pedras de cascalho que cobriam a cova.

 

Ao examinarem o túmulo mais perto, viram pedaços de papel em branco, com cerca de oito centímetros quadrados, repousando sobre o esqueleto. Todos os pedaços de papel estavam empilhados, como um manuscrito ou livro não encadernado. Entre cada folha de papel estava o que Naughton mais tarde determinou ser papel alumínio. A pilha tinha cerca de 3 centímetros de espessura, e a equipe não conseguiu nem imaginar qual seria o objetivo dos papéis. Os biólogos decidiram que qualquer outra escavação do túmulo poderia ser desrespeitosa. Assim, eles não fizeram mais nenhuma tentativa de investigar o que havia no local, foram embora e informaram a descoberta às autoridades.

Quem construiu o monte de pedras?

Os investigadores enviaram a mandíbula a um laboratório forense para que testes fossem feitos. Os resultados revelaram que os restos mortais eram de Scott Moorman. Vários outros ossos menores encontrados além do túmulo também combinavam com Moorman. O motor de popa do Sarah Joe também desapareceu. Parece provável que Moorman e o barco tenham chegado à área mais por sorte do que por decisão própria. Mas e a equipe restante? Nenhum vestígio deles foi encontrado. Isso leva à pergunta óbvia para a qual ninguém ainda forneceu uma resposta satisfatória. Quem enterrou Scott Moorman?
A mandíbula encontrada
Fonte: Unsolved.com
Uma das teorias mais plausíveis gira em torno de uma tradição funerária oriental. Tradicionalmente, os chineses incluem em um caixão o fornecimento de pequenos pedaços de papel ou papel moeda separados por folhas de ouro ou prata. Esses itens são enterrados com o cadáver como um meio de fortuna para a vida após a morte. Isso corresponde ao tipo de enterro que os pesquisadores encontraram no Atol de Taongi. Portanto, é possível que um barco de pesca chinês tenha encontrado os restos mortais de Moorman.

 

Se o barco que o encontrou estava pescando ilegalmente, os tripulantes podem ter fornecido à Scott um enterro adequado, de acordo com os costumes locais, mas sem notificar às autoridades. Agora permanece a pergunta sobre os outros quatro membros da tripulação. O mais provável é que a tempestade tenha levado todos eles. Talvez isso tenha deixado o infeliz Scott Moorman sozinho no meio do Pacífico com pouco ou nenhum suprimento e sem esperança de resgate. 

Mais perguntas sobre o mistério de Sarah Joe

Há muito mais no mistério de Sarah Joe do que o desaparecimento e reaparecimento de apenas um dos cinco homens. O barco não possuía uma construção mais robusta e era destinado somente ao uso costeiro. O fato de o barco ter sobrevivido a uma das piores tempestades já registradas e ter acabado em um atol desolado a milhares de quilômetros de distância é um grande feito. Especialistas que entendem melhor eventos como esse acham que o tempo de deriva entre o Havaí e as Ilhas Marshall seria em torno de três meses. Isso por si só levanta algumas questões. Quatro anos antes de Naughton chegar à ilha, uma equipe de pesquisa americana esteve lá para mapear e fazer um reconhecimento da ilha e não relatou nada fora do comum. Testemunhar um barco descartado pode parecer trivial o suficiente para não citá-lo em relatórios oficiais, mas uma sepultura?

 

Então, onde estava o Sarah Joe após deixar o Havaí, em 11 de fevereiro de 1979, até 1984, quando a primeira expedição chegou às Ilhas Marshall?

 

As famílias dos homens desaparecidos contrataram o detetive particular Steve Goodenow para investigar o caso. Ele levou uma equipe para Taongi e descobriu mais ossos de Scott Moorman perto do túmulo original. Mergulhadores também encontraram o motor do barco embaixo d’água em um coral próximo.

 

Também foi concluído pela equipe de investigação que como o canal entre os recifes e as ilhas é muito estreito, é improvável que o barco tenha chegado à lagoa de Taongi sem interferência humana. 
As investigações nas Ilhas Marshall
Fonte: Unsolved.com
Robert Malaiakini, irmão do membro da tripulação desaparecido Ralph Malaiakini, acha que Scott se amarrou ao barco para enfrentar a tempestade; ele duvida que alguém do Sarah Joe possa ter sobrevivido à tempestade e a 3.500 quilômetros de viagem para Taongi.


E você, o que achou do mistério envolvendo o Sarah Joe e o enterro de seu tripulante Scott Moorman? Deixe seu comentário.


Referências:
Mysterious Universe
Unsolved Mysteries
Honolulu Star-Bulletin
Historic Mysteries

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