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Tylenol ou cianeto?

Imagine um daqueles dias em que você acorda com alguns sintomas de resfriado, febre ou um simples mal-estar e dor no corpo. Mas é um dia comum em que você precisa ir para escola ou trabalhar, então o que você faz é algo que muitas outras pessoas estão acostumadas a fazer também: você toma um comprimido de tylenol (ou algum remédio similar) esperando que ele alivie os sintomas e você se sinta melhor para encarar o dia. Mas ao invés disso, em alguns minutos você morre. Esse é o caso das cápsulas de tylenol envenenadas. 
Frascos do tylenol
Fonte: Crime museum

Briefing

Os assassinatos do tylenol foram uma série de mortes por envenenamento, resultantes de uma adulteração nas cápsulas do medicamento na área metropolitana de Chicago em 1982. Todas as vítimas tomaram comprimidos de tylenol extra forte que haviam sido substituídos por cianeto de potássio. Um total de sete pessoas morreu diretamente por causa dos envenenamentos, com muitas outras mortes sendo causadas por imitadores que reproduziram o crime em outros lugares.

Os assassinatos

Em 28 de setembro de 1982, uma criança de 12 anos chamada Mary Kellerman tomou um tylenol extraforte. A menina estava com alguns sintomas de gripe, então seus pais lhe deram o remédio. Ela morreu menos de uma hora depois. Mais tarde naquele dia, um funcionário dos correios chamado Adam Janus morreu do que as autoridades acreditavam ser um ataque cardíaco fulminante. Ele tinha 27 anos na época de sua morte.
O irmão e a cunhada de Adam, Stanley e Theresa, foram à sua casa para consolar a família. Ambos estavam com fortes dores de cabeça devido ao trauma de perder uma pessoa próxima, por isso tomaram um tylenol para aliviar a dor. Stanley e Theresa Janus faleceram alguns momentos depois. Nos três dias seguintes, mais três pessoas faleceram inesperadamente: Mary McFarland, de 31 anos, Paula Prince, de 35 e Mary Reiner de 27 anos.
Uma vez que se percebeu que todas essas pessoas haviam tomado tylenol recentemente, os testes foram rapidamente realizados, o que logo revelou o cianeto presente nos frascos e nos corpos das vítimas. A cidade de Chicago tinha um envenenador em série nas mãos.
As sete vítimas do assassino do tylenol
Fonte: tylenolmurders.weebly.com

A resposta da Johnson

A fabricante do tylenol, Johnson & Johnson, parou imediatamente toda a produção e suspendeu propagandas do tylenol e aconselhou o público a não tomar nenhum medicamento com acetaminofeno (o principal componente do tylenol). Ela também fez um recall dos produtos e recolheu mais de 30 milhões de frascos. A empresa também ofereceu uma recompensa por qualquer informação que levasse à descoberta da identidade do assassino. Com o recall, foram descobertos mais alguns frascos contaminados em Chicago.
Recall do tylenol
Fonte: pbs.org
A empresa se ofereceu para substituir todos os medicamentos que foram recolhidos ou devolver o dinheiro para os consumidores que já haviam comprado o produto. Devido a esse incidente, logo foram implementados padrões mais rígidos para impedir a violação de produtos farmacêuticos, como embalagens seladas e as cartelas de comprimidos que vemos hoje em dia, e a adulteração de medicamentos tornou-se um crime federal. Outra grande mudança foi passar de uma cápsula gelatinosa para comprimidos sólidos, já que as cápsulas eram mais fáceis de adulterar sem deixar nenhum sinal perceptível.

As investigações

A polícia, descobriu que os frascos adulterados vieram de diferentes fábricas e pertenciam à lotes diferentes uns dos outros. Além disso, as sete mortes ocorreram na área de Chicago, então a sabotagem durante a produção foi descartada.
Em vez disso, a polícia concluiu que deveria procurar alguém que tivesse comprado diversos frascos de tylenol em vários pontos de venda diferentes. Além disso, eles concluíram que a fonte do medicamento envenenado devia ser supermercados e drogarias, com o culpado provavelmente adicionando o cianeto às cápsulas e retornando metodicamente às lojas para colocar os frascos envenenados nas prateleiras.

Desenvolvimento das investigações

No início de 1983, a pedido do FBI, o colunista do Chicago Tribune, Bob Greene, publicou o endereço da residência e a localização do túmulo da primeira e mais jovem vítima dos assassinatos, Mary Kellerman. A história, escrita com o consentimento da família Kellerman, foi proposta pelo analista criminal do FBI John Douglas, com a teoria de que o criminoso poderia visitar a casa ou o túmulo das vítimas se soubesse da localização deles. Tanto a casa de Mary quanto seu túmulo foram mantidos sob vigilância por vários meses, mas o assassino não apareceu.
Uma foto de Paula Prince comprando tylenol adulterado com cianeto em um Walgreen’s, tirada através de uma câmera de segurança da loja, foi divulgada pelo Departamento de Polícia de Chicago. A polícia acredita que um homem barbudo visto a alguns metros de Paula pode ser o assassino.
Paula e o suspeito
Fonte: Reddit

 Os suspeitos

Roger Arnold – Foi investigado e liberado pela polícia. Ele teve um colapso nervoso devido à atenção da mídia provocada pela investigação. Roger culpou Marty Sinclair, proprietário de um bar, de tê-lo acusado e trazido toda essa reviravolta para sua vida e jurou assassiná-lo. No verão de 1983, Roger Arnold atirou e matou John Stanisha, um homem que ele confundiu com Marty Sinclair e que não tinha nada a ver com a história. Roger Arnold foi condenado por assassinato em segundo grau em 1984 e passou 15 anos na prisão. Ele faleceu em junho de 2008.
Roger Arnold
Fonte: krazykillers.wordpress.com
Laurie Dann – Era uma professora que envenenou um número desconhecido de pessoas, atirou e matou um homem e depois abriu fogo contra uma escola. Ela tinha um histórico de doenças mentais e acabou cometendo suicídio antes que a polícia pudesse levá-la em custódia. Ela foi momentaneamente considerada suspeita, mas a polícia não acreditava que ela tivesse qualquer ligação com os assassinatos de tylenol.
Laurie Dann
Fonte: Wikipedia
Ted Kaczynski – A polícia interrogou Ted Kaczynski, mais conhecido como o Unabomber, na prisão em 19 de maio de 2011. Sua família era dona de uma casa em Chicago em 1982, e Ted às vezes ficava lá. Ele negou ter possuído ou manuseado cianeto de potássio. Além disso, o envenenamento não era exatamente o modus operandi de Kaczynski. Os investigadores tiraram uma amostra de DNA do Unabomber, mas não tomaram outras medidas na investigação.
Ted Kaczynski
Fonte: FBI
James William Lewis – Ele foi o principal suspeito do FBI pelos assassinatos de tylenol. Depois que a história chegou às notícias, ele enviou uma carta a Johnson e Johnson, reivindicando a responsabilidade pelo envenenamento e exigindo um resgate de um milhão de dólares para evitar mais mortes. Ele também enviou uma carta ao presidente Reagan ameaçando assassiná-lo com um avião com controle remoto e envenenando mais pessoas com o cianeto no tylenol. A polícia prendeu James Lewis e o acusou de extorsão, mas não tinha provas suficientes para acusá-lo pelos assassinatos. As autoridades o condenaram por extorsão e deram a ele uma sentença de 20 anos por seus crimes. Lewis só passou 13 anos na prisão antes de ser libertado. A polícia não conseguiu relacioná-lo com os crimes, pois ele e sua esposa estavam morando na cidade de Nova York na época. Um programa de TV de Boston informou que documentos do tribunal divulgados no início de 2009 “mostram que os investigadores do Departamento de Justiça concluíram que Lewis era responsável pelos envenenamentos, apesar de não terem provas suficientes para acusá-lo”. Em janeiro de 2010, Lewis e sua esposa enviaram amostras de DNA e impressões digitais às autoridades. Lewis afirmou que “se o FBI agir de maneira justa, não tenho com o que me preocupar”. Lewis continua negando a responsabilidade pelos envenenamentos.
James William Lewis
Fonte: CBS News

Conclusões

O que nós podemos tirar de bom dessa história é que esse crime levou a indústria farmacêutica a melhorar as embalagens de medicamentos. O “assassino do tylenol” ainda está a solta (ou talvez já tenha até morrido, vai saber) e ninguém consegue nem estabelecer um motivo para que ele tenha feito isso, além de brincar de roleta russa. Alguns consideram que esse foi o primeiro ato de terrorismo doméstico dos EUA.
Este caso está sob os holofotes da mídia há anos, mas, embora o FBI afirme saber exatamente quem cometeu os assassinatos, eles foram incapazes de obter evidências suficientes para acusá-lo. Agora, quando nos aproximamos do 37º aniversário dos assassinatos de Tylenol, as autoridades não estão mais perto de pegar esse serial killer do que há 37 anos atrás.
Anúncio das novas embalagens de tylenol
Fonte: keranews.org
 
 
Referências:
Daily Telegraph
Crime Museum
Daily Herald
Reddit

Este post tem 2 comentários

  1. Mano os caras vendiam remédio como se fosse tempero na feira, imagina a quantidade de bagulho que a galera botava dentro.

    E essa professora com histórico de doenças mentais? Que bela ideia de quem a contratou

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